terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O "RAPAZ" E A "RAPARIGA"

 

É pouco crível que o termo “rapaz” tenha origem na palavra latina “rapace”, que significa “ladrão”. De resto a palavra “rapariga” seria uma forma muito estranha de feminino de “rapaz”, e a ter evoluido de "rapaz" significaria então algo como "ladra", o que não parece ser aceitável.
De facto “ḥrph” significa em fenício “juventude” e “øz” (ãez) é ser forte. Assim, “rapãez” significa eventualmente “jovem forte”. Já a palavra “rapariga” conta com a mesma raiz “ḥrph” que significa “juventude”, mas complementa-se com a palavra fenícia “rk”, que significa “delicado, tenro, macio, ternura, delicadeza”. Assim, “rapãez”, que significa “jovem forte” deu certamente origem ao nosso “rapaz”; já “raparek”, que significa “jovem delicada” veio provavelmente a dar origem à nossa “rapariga”. Nesse caso ter-se-ia perdido o ḥet inicial da palavra, o que é aceitável por se tratar de um som gutural aspirado que é de todo inexistente no português.
Há também a possibilidade de tanto a palavra “rapaz”, como a palavra “rapariga” provirem do termo fenício “rbh” que significa “criar (filho)”. Nesse caso “rapaz” seria “criar filho forte”, enquanto “rapariga” seria “criar filho delicado”.
Em qualquer dos casos vamos esquecer os ladrões...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Grão a grão... É claro que rever a etimologia da língua portuguesa é um trabalho para anos (e já lá vão alguns) mas já vou na letra "R". Partilho o trabalho bem produtivo desta manhã de 26 de Janeiro.


RACHA
A nossa palavra “racha”, e evidentemente o verbo “rachar” e outras palavras da mesma família, devem ter origem em “ršš”, que significa em fenício “destruir, despedaçar”. Usualmente aceita-se que as palavras desta raiz tenham uma origem “obscura”.

RAFEIRO
Aceita-se que a palavra “rafeiro” tenha uma “etimologia obscura”. No entanto em fenício “rbØ hr” (algo como rafãeêer) significa “concebido de cruzar gado” Parece lógico que esta seja precisamente a origem da nossa palavra “rafeiro”.

RALÉ
A palavra “ralé” deve provir do fenício, de “roei” e de “l’h” (lidas as palavras em conjunto será algo como “rãealuaêe”), que significa “mau, sem valor, mesquinho” e “sem poder”. Evidentemente que a possibilidade de existir uma qualquer relação com o francês “ralée”, que corresponde ao acto de lançar uma ave de rapina sobre uma presa, não é aceitável.

RALHAR

Em fenício, “rØ”(rãe) significa “gritaria, berreiro”, e “alh” (alêe) “rogar uma praga, emitir uma maldição”. Assim, “rãealêe” é uma “gritaria em que se rogam pragas” ou “um berreiro em que se amaldiçoa alguém, etc. A nossa palavra tem equivalentes próximos no significado e fonética no francês, no castelhano, no provençal, e mesmo no italiano, o que levou a procurar uma forma latina que estivesse na origem das palavras actuais de todas estas línguas. Assim aceitou-se que teria havido imã hipotética palavra latina “ragulãre”… Não parece no entanto aceitável a origem latina para esta palavra, desde logo porque a tal palavra "ragulãre" nunca existiu.


... e por último ... "RAPAZ" e "RAPARIGA"

É pouco crível que o termo “rapaz” tenha origem na palavra latina “rapace”, que significa “ladrão”. De resto a palavra “rapariga” seria uma forma muito estranha para ter evoluído como feminino de “rapaz”. De facto “rb” (lembremos que na evolução do fenício para o português b=p) significa em fenício “ser muito” e “Øz” (ãez) é ser forte. Assim, “rapãez” significa “ser muito forte”. Já a palavra “rapariga”(que geralmente se afirma ser de "origem obscura") conta com a mesma raiz “rb” que significa “ser muito”, mas complementa-se com a palavra fenícia “rk”, que significa “delicado, tenro, macio, ternura, delicadeza”. Assim, “rapãez”, que significa “ser muito forte” deu o nosso “rapaz”; já “raparek”, que significa “ser muito delicado” veio a dar origem à nossa “rapariga”. Como seria de esperar não se trata de "ladrões" nem de origens "obscuras"...



Não é muito, mas

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

TOPONÍMIA PORTUGUESA

Todos nos questionamos de quando em quando sobre a origem do nome de certos sítios. Normalmente parecem coisas absolutamente disparatadas, ou nós, armados da nossa melhor boa vontade e imaginação criativa, inventamos uma justificação mais ou menos esfarrapada para o nome. Diremos que "Malavado" é nome dado a um local onde em tempos morou um homem de higiene duvidosa, que "Roncão" se chama assim porque alguém ressonava, ou que "Ruivo" era terra de gente de cabelo ruivo... Claro que pensando bem...
"Malavado" (mas também "Mal Lavada", "Malvado", etc.) resultam da expressão fenícia "mal av ad", que significa "poço de águas que transbordam"; "Roncão" é "rwn kwn", e significa "permanente no alto", e deve ter-se referido a construções permanentes (de pedra ou taipa, e não choças de ramos); já "ruivo" deve referir-se a pastagens em áreas baixas e húmidas, porque "reiu bes" significa "pastagem em local baixo"...
Assim, (re)descobrir o significado da toponímia ganha um  valor antes insuspeitado, porque podemos agora redescobrir o local onde passavam as estradas (as "Sevilha", "Savelha" mesmo "Sé Velha", mas também "Cebola" (no fenício b=v, como de resto no Norte de Portugal), mas também os topónimos iniciados por "alc", como "Alcaide", "Alcalá", etc.
Todo um novo mundo se abre ao investigador depois de saber como funcionava a antiga língua popular.

PALAVRA PORTUGUESAS DE ORIGEM FENÍCIA

São centenas aspalavras portuguesas de de origem "fenícia". Darei apenas alguns exemplos:

ABALAR
Os dicionários afirmam habitualmente que o nosso verbo "abalar" terá tido origem numa hipotética palavra latina "advallãre" (palavra que efectivamentenunca existiu), eque significaria (imagine-se) "lançar-se no vale, ao fundo" (já é vontade de encontrar uma origem latina em todas as palavras do português); efectivamente a origem deste verbo "abalar" é o verbo fenício "abalu" ou "wabalu" (em acádio ou assírio, respectivamente), o que significa "trazer, levar, carregar".

ABROLHO
“Abrolho” é “espinho; espécie de pua; rebento, gomo; planta prostrada que produz frutos espinhosos e é espontânea em Portugal”. Dizem os dicionários que a palavra “abrolho” provém do latim “aperi oculos”, que significa “abre os olhos”, mas mesmo numa observação superficial se notará que é uma relação improvável e forçada. Efectivamente a origem da palavra é obviamente outra. Em fenício, “abaru” é “gancho”, e ølh” é “folhas, folhagem”. O nosso “abrolho” deve provir assim de “Abaruølh”, com o significado de “folhagem espinhosa”.

ACABAR
O verbo “acabar” é um caso muito interessante. Parte de uma palavra fenícia “øqb” (ãeqaba), que significa “chegar ao fim; parte final; até ao fim”, e dela constrói o verbo regular que conhecemos. A palavra “acabar” resulta assim do radical fenício “øqb” ao qual se juntou o sufixo latino “-ar” para o infinito de verbos que derivam de substantivos ou adjectivos. Será quase desnecessário dizer que se entende como sem fundamento nem razão de ser a etimologia geralmente aceite que assenta num hipotética palavra latina “accapare”, palavra essa que nunca existiu. O interesse desta e de outras situações semelhantes está sobretudo em perceber como se forma um verbo regular em português a partir da palavra fenícia, portanto como se aplica a estrutura gramatical do português à palavra fenícia.

ACHAQUE
A palavra “achaque” não deve provir do árabe “ax-xaqq” com o significado de “dúvida, suspeita”, mas antes de “asakku”, termo fenício com o significado de “doença”. De facto “achaque” é uma doença súbita, e não uma “dúvida” ou uma “suspeita”

ACHATAR
A palavra “chato” tem origem em “ØŠT” (ãechat), que significa “lâmina, chapa, ser liso”. Há portanto uma evolução que corresponde à perda do ayn (que evoluiu para o som “a” do português com frequência) inicial na palavra “chato”, mas à sua manutenção no verbo “achatar”, e em outras palavras derivadas como “achatado” que também originou. A origem da palavra “chato” geralmente aceite encontra-se no grego “platýs” (largo, amplo), pelo latim “plattu-” (plano), formas que efectivamente não devem ser consideradas para perceber a origem do nosso verbo “achatar” e das palavras com ele relacionadas.

Como digo, são muitas centenas palavras portuguesas com origem fenícia. Quem tiver curiosidade sobre algum termo poderá perguntar a origem da palavra em questão, que se for de origem fenícia darei a explicação que considere lógica.